quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

José Miguel Tavares, o falso atirador furtivo

O jornalismo de José Miguel Tavares (JMT), se assim pode considerar-se, é feito de intrigazinhas, de minudências e outras insignificâncias, próprias de quem sofre de afectação de ordem irracional e é incapaz de construir juízos simples quanto mais espraiar-se em horizontes rasgados; são características das sombras sob as quais se governa – estou a colocar-me propositadamente ao nível da sua escrita, para que o JMT tenha consciência da sua própria mesquinhez.
Uma das batidas técnicas do ora também comediante televisivo, que escrevinha, é a escolha de um título para captar atenções, o que é recorrente e tradicional no jornalismo. Todavia, o título tem de respeitar o conteúdo do texto, e “A caça ao Tordo” está incorrecto, uma vez que, no emaranhado “neo-realista” do texto, os alvos da caçada são dois ‘Tordos’; o pai Fernando, cantor, e o filho João, escritor.
Ao espírito mexeriqueiro da história e de ofensa aos visados, JMT junta-lhe lamentável hipocrisia – muito repugnante - ao afirmar:
“Eu simpatizo bastante com Fernando Tordo e com o seu filho João.”
É próprio de quem não tem a menor vergonha, quanto mais algum sentimento ético da vida. A propósito dos 200 mil euros de contratos de ajuste directo, como confesso simpatizante do cantor, poderia ao menos remeter para estas explicações de Fernando Tordo e precisar que a verba diz respeito a três anos - três! - de contratos.
JMT resolveu, pois, envergar a indumentária de caçador, muniu-se de uma pressão de ar e mascarou-se de atirador furtivo; a jornada foi expressamente dedicada aos ‘Tordos’, nada de outra passarada, nem de animais rasteiros e de tocas, como o ‘Coelho’.
Da miopia, associada à falta de prática ou de perfil de caçador, disparou sem nexo. Para cúmulo, apontou a arma apenas àqueles dois ‘Tordos’, não admitindo que o mais velho tenha manifestado revolta contra a nefasta situação do País em que vivemos, às ordens de um execrável governo, nem que o mais novo, com emoção própria de filho, tivesse expressado solidariedade afectiva ao Pai – ser e não saber ser pai ou filho é um desvio mental grave.
A emigração de Tordo, infelizmente, é ínfima parte de um processo do descalabro demográfico do País, onde ‘Encontrar emprego depois dos 40 é milagre’, como anunciava o ‘Expresso’ no fim-de-semana. E estas são as grandes questões que merecem a atenção dos grandes jornalistas.
“Se o actual governo tem culpa de imensa coisa…”, como diz o JMT, então deixe de contar histórias ‘gota-a-gota’, em especial ao focar-se na vida por quem tem uma estranha simpatia antipática. “A imensa culpa do governo” contém “imenso material” para um jornalista a sério dissecar, de forma objectiva e independente.  

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