O
mensageiro do governo, Marques Guedes, oficializou que o CM validou o ‘sorteio
semanal do fisco’. Há pormenores a definir; o regulamento terá de ser aprovado
pela Ministra das Finanças, Dona Albuquerque.
Talvez por distracção, ou
leituras apressadas de noticiários, ignorava em absoluto a cilindrada, o tipo e
outras características das viaturas a sortear. Soube há pouco, pelo telejornal da TVI, tratar-se de carros de elevada gama, segundo o Sec. Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio.
Um dia destes fui à consulta com
meu clínico geral. Como qualquer médico, ciente do elevado estatuto profissional
e social, programa as consultas para determinado horário, acabando por
realizá-las duas horas mais tarde.
Ali estive, sentadinho, numa sala
com 10 pessoas e a empregada; em ambiente que denominei de ‘sala do concerto silente’.
Ninguém falava e eu, claro, calado, caladinho. Li dois ou três textos anódinos
de ‘revistas cor-de-rosa’ e, a determinada altura, a apneia prostrou-me. Interrompendo
o silêncio sepulcral do consultório, ressonei a bom ressonar; a ponto de me acordar
a mim próprio. Sou demasiado macilento para corar, mas senti-me acabrunhado.
Passado o episódio, de súbito,
veio-me à ideia ‘o sorteio semanal do fisco’, para atribuição de viaturas aos
contribuintes que exijam facturas com o seu NIF, por compras de bens e serviços.
De um simples café, aos mais diversos serviços. Imaginei, então, quem poderia
vencer o 1.º concurso. Aliás, mais do que imaginar, prognostiquei: - a dona ‘Tété’,
Teresa de nome próprio, minha vizinha do 5.º andar vai ganhar de certeza – acreditei
e pensei para mim mesmo.
Dona Tété é uma cinquentona, de porte sensual, sempre muito bem vestida, de pele e cabelo impecavelmente tratados. Viúva de
ex-empresário que, diz-se na vizinhança, a deixou muito confortada
materialmente, tem figura para a vaidade que ostenta.
De tão bem trajada e tratada, parece mais jovem, uma ‘quarentona’ balzaquiana, causadora de desejos de luxúria nos comerciantes da zona. Do dono do café ao homem do talho. Porém, na má-língua local, diz-se que anda metida com um ucraniano alto e de boa figura, porteiro do prédio. De facto, o homem, diariamente, passa horas em casa da Dona Tété, com a justificação de reparar avarias diversas: electricidade, canalizações e fechaduras. Todavia, com malícia, os porteiros vizinhos insinuam que o ucraniano também trata de outros orifícios… enfim, a maledicência habitual.
De tão bem trajada e tratada, parece mais jovem, uma ‘quarentona’ balzaquiana, causadora de desejos de luxúria nos comerciantes da zona. Do dono do café ao homem do talho. Porém, na má-língua local, diz-se que anda metida com um ucraniano alto e de boa figura, porteiro do prédio. De facto, o homem, diariamente, passa horas em casa da Dona Tété, com a justificação de reparar avarias diversas: electricidade, canalizações e fechaduras. Todavia, com malícia, os porteiros vizinhos insinuam que o ucraniano também trata de outros orifícios… enfim, a maledicência habitual.
Regressemos
ao sorteio e ao prognóstico. A meditação espontânea que me assolou foi produto
de acto involuntário subconsciente – os psicólogos o dirão. É de ter em conta
que a Dona Tété é militante muito activa do PSD e foi uma heroína que se juntou
a mais 437
‘laranjas’ que, em Lisboa, votaram Passos Coelho.
Conclusão:
tendo em conta as boleias que dá ao ucraniano e a Passos Coelho, é justa merecedora
de vir a ser a primeira premiada com o carro. No caso dela, nem a característica de elevada gama do carro interessa. Com facturas de cafés, lanches, vários ‘brushings’, serviços
de manicura e massagens, reforçados por obediência e disciplina partidárias, o
merecimento é incontestável. (Adenda: ao assistir ao noticiário da TVI, fiquei a saber que, afinal, o carro a sortear é de alto gama; portanto, rectifiquei o texto inicial)
Sem comentários:
Enviar um comentário