sábado, 8 de fevereiro de 2014

A igreja reaccionária e hipócrita

‘O sucessor tem de ser pior do que o antecessor’ é o lema inexorável da igreja católica portuguesa, cumprido zelosa e ridiculamente pelo patriarca Clemente, sucessor de Policarpo.
Em momento de renovação de mentalidades, refutação de processos retrógrados, desumanos e desonestos (pedofilia e Banco do Vaticano) de que o Papa Francisco procura ser, creio, o principal obreiro, a igreja católica portuguesa continua a ser um antro dominado por mentalidades reaccionárias, de que poucos eclesiásticos se demarcam – Dom Januário Torgal Ferreira, no seio do bispado português, é uma voz a pregar no deserto.
O ultraconservador Clemente defende que “os direitos das minorias” devem ser referendados. Refere-se a co-adopção de crianças por casais do mesmo sexo. Todavia, há tantas outras minorias e problemas específicos, que, então, a solução seria legislar no sentido de, a par do sorteio do fisco, referendar semanalmente os direitos de quem é verdadeiramente minoritário – p.e., o direito de uma escassa minoria, sem solidariedade social, com fugas a impostos e detentora de fortunas em paraísos fiscais, deter mais de 90% da riqueza do país, à custa da pobreza e miséria de uma larga maioria – a minoria dos responsáveis pelas empresas do PSI-20, por exemplo. Os direitos da minoria de ‘dux’, membros das C.O.P.A.’s e companheiros mentores de praxes mortais.  
O patriarca Clemente, além do mais, envereda por anacrónicos argumentos para defender o referendo. Por um lado, diz:
 “O que está em questão não é o direito de adoptar, mas o direito da criança de ter ou não ter um pai e uma mãe.”
Pergunto: as crianças, ainda mais minoritárias do que os casais de co-adopção, têm capacidade de se manifestar em referendo? Dom Clemente imagina-se a proferir homília em púlpito de igreja de aldeia, perante uma maioria de devotos octogenários, uns surdos e outros a sofrer de deficiência cognitiva.
A meu ver, que sou heterossexual e não homofóbico, seria aconselhável que, em nome dos direitos das crianças, o líder da igreja católica portuguesa ocupasse a mente com o lamaçal da pedofilia em que a ICAR está envolvida em todo o mundo, incluindo em Portugal – o assassínio de um jovem, na Madeira, praticado pelo padre Frederico, assessor muito próximo e estimado pelo então bispo do Funchal, Teodoro Faria. O recente caso no seminário do Fundão é outra demonstração de que, na igreja, a pedofilia é uma espécie de processo contínuo. Sem intermitências. 

2 comentários:

  1. O seu comentário é um delírio caótico do princípio ao fim: mistura o caso do Banco do Vaticano coma pedofilia, para chamar "ultra-reaccionário" a um dos homens mais sábios de coerentes este país. E percebe-se a sua referência a D. Januário: queria que a Igreja fosse mansa como um cordeirinho nuns casos e gritasse noutros, os que lhe interessam. Não sei se percebeu, mas a Igreja não se deixa levar por acusações de "reaccionarismo" e outras que tais, até porque essas normalmente partem de quem a quer destruir. Há uma outrina e uma moral que, com mais ou menos erros, é coerente e não é influenciável por modas pseudo-progressistas. E já que considera que os casos de pedofilia são "reaccionários" (eu chamar-lhes-ia muitas outras coisas, mas não exactamente isso), diria o mesmo naqueles casos relacionados com a comunidade artística, normalmente tão "progressista"?

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    1. E se fosse aprender a ler, a interpretar e a ser honesto a comentar? A referência à pedofilia e ao Banco do Vaticano são citados no texto como dois meros exemplos de objectivos de acção e empenho das transformações profundas que o Papa Francisco traçou para a ICAR, sem estar referido o erudito Clemente. Eu não quero a destruição da igreja, nem sequer precisaria de o querer e contribuir para tal fim. Depois do Papa João XXIII, a igreja iniciou o processo de auto-destruição. João Paulo II, o emérito Bento XVI e não sei quantos Marcinkus, e seus percursores, encarregam-se de o fazer com mais eficácia. Por último, os casos de pedofilia são casos de graves crimes cometidos também por comunidades de eclesiásticos contra as crianças, como sabe. Não os classifiquei de reaccionários porque são actos criminosos e de extremo opróbrio. E fiquemos por aqui...

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