Portas e os números do INE
O INE publicou hoje os valores
relativos ao movimento
de exportações e importações em 2013, comparativamente a 2012. No ‘site’ do
referido instituto, pode ler-se:
Relativamente ao ano anterior, no conjunto do ano de 2013 as exportações de bens aumentaram 4,6% (+5,7%, em 2012) e as importações de bens 0,8% (-5,2%, em 2012), determinando uma taxa de cobertura de 83,6% (80,6%, em 2012).
Portas, outrora mascarava-se de feirante e visitador de
mercados municipais em actos de propaganda eleitoral, saindo banhado de
carinhos e de aromas de produtos de fumeiro, couratos na brasa ou, nas bancas
de peixe, com o odor da sarda e do chicharro. A todos, comerciantes, idosos e
contribuintes prometeu solenemente governar em defesa dos seus interesses.
Eles estão a sentir.
O revogado irrevogável Primeiro-Ministro disfarça bem as
frustrações políticas – iludindo, vai lutando contra algumas. Na lógica desta
postura, e face aos números do comércio internacional do INE, o agora ‘businessman
engravatado… et parfumé avec un arôme d’haute gamme’, em Madrid, reagiu com o
populismo e a demagogia que lhe são peculiares:
As exportações mostram recuperação económica e dão esperança aos portugueses…endereçou parabéns às empresas exportadoras.
É verdade que a taxa cobertura das importações pelas exportações
melhorou, de 80,6% em 2012 para 83,6%; mas, nas trocas com a UE28 no seu todo,
comparados os resultados do 4.º T de 2013 com o período homólogo de 2012, essas
taxas tiveram uma variação positiva de apenas + 0,2%. Os benefícios mais significativos
tiveram origem nas transacções com os países ‘Extra-UE’.
A despeito da melhoria do citado rácio, é notório um
agravamento muito sensível das importações que em 2013 registaram um
agravamento de + 0,8% contra a avultada quebra de – 5,2% em 2012.
Exportação e o Investimento
Se existem cépticos quanto ao aumento continuado e
considerável no futuro, como diz Portas, tal gente até me parece prudente.
O acréscimo da capacidade exportadora de um país depende de
vários factores endógenos e exógenos:
- incrementar a capacidade exportadora assenta na expansão da capacidade produtiva e esta expansão é fortemente dependente do investimento que, em Portugal, tem sido irrisório;
- o investimento é também variável dependente do financiamento bancário e os bancos portugueses debatem-se, em geral, com situações de falta de liquidez tão graves que se lhes torna difícil financiar empresários e famílias – BCP, BES, Montepio Geral e o BPI, com prioridade de liquidar os empréstimos dos dinheiros da ‘troika’, estão longe de poder fazer satisfazer as necessidades dos empreendedores nacionais que imagino não serem assim tão numerosos;
- o investimento estrangeiro também é e será inócuo e Pedro Reis, de partida do AICEP, transmitiu claramente essa ideia em entrevista;
- por último, o volume das exportações depende das oportunidades de negócio nos mercados e, como é sabido, os países ditos emergentes – novos destinos para os produtos portugueses – já tiveram melhores dias, antes da redução da compra de obrigações pelo FED, nos EUA.
Conclusão
Diga Portas o que disser, o crescimento da economia
portuguesa centrada da exportação não é um processo de mineração infinito, de
combate ao desemprego e de um passo de magia para o desenvolvimento do consumo
interno.
Contentemo-nos a exportar mão-de-obra, pronto! - mas atenção, a Suíça fechou o mercado.
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