O símbolo do poder |
De Maria Luís Albuquerque, em discurso
idealista e talvez impulsionada por misticismos, na AR, ‘Colóquio
sobre a União Bancária (UB) e Financiamento da Economia’, declarou que
estava encontrada a solução, a citada UB, para solucionar a concessão de
empréstimos ás empresas nacionais, em condições a vigorar de igual forma em
todos os Estados-Membros.
A ministra chegou mesmo a argumentar
que “uma empresa idêntica” a “uma alemã” – uma Siemens portuguesa gémea da
Siemens germânica, penso eu – se encontra hoje “em condições competitivas
diferentes”, pois o risco da Alemanha é menor. Esta é talvez a parcela mais realista
das palavras de MLA.
Por sua vez, o governador do
Banco de Portugal, com outra envergadura e experiência do sector financeiro, à
laia de quem parte um queijo ao meio para dizer que as duas partes têm qualidade distinta,
também considerou que as instituições bancárias portuguesas (com prejuízos negativos
da ordem dos – 2100 M de euros, lembro) avançaram intencionalmente neste
processo de União Bancária, depois de submetidas a “um escrutínio apertado e
alargado”, com auditorias a todas as áreas e a reportar imparidades que não
reflectem a sua actividade actual, mas a qualidade do crédito do passado
(anterior a 2008).
Segundo Albuquerque e Costa, tudo
vai bem no reino da banca e falta apenas a União Bancária. Com automatismos estimulados
por sinais biológicos e a facilidade de quem tem dinheiro depois de ser
totalista no ‘Euromilhões’, o País inteiro entra, acreditam eles, em frenética
euforia. Vê abrir fábricas de tudo e mais alguma coisa, milhares de hectares
lavrados a produzir muito mais que a vinha e a simples azeitona da nossa actual
felicidade, a saída e regresso de numerosa frota de pesqueiros que, nas redes
ou a gancho, vão encher as nossas lotas desde o ‘joaquinzinho’ ao corpulento
atum.
Aviões e navios, na partida
levarão os produtos portugueses ao mundo tinteiro. Regressarão vazios, excepto
os meios aéreos cheios de estrangeiros a cobiçar o que é português e emigrantes
que, neste sucesso económico de dimensão indescritível, regressam à pátria para
um empreendedorismo sem semelhança no universo, fruto da União Bancária.
Este é um sonho dos tais que
ficamos desiludidos quando despertarmos para a realidade; a qual, infelizmente,
é bem diferente do projecto de União da Bancária em que MLA e Carlos Costa
acreditam. Sem valorizar, como deveriam, a posição alemã, de que, mais do que
Merkel, é da esfera de decisão do Sr. Schäuble.
Ainda em recente reunião em
Bruxelas, Schäuble, o amigo do nosso Gaspar – o 1º nunca o 4º da ‘troika’ –
deixou no ar esta ideia, transmitida através do Wall Street Journal:
Um Tratado Intergovernamental,
interprete-se, é uma exigência alemã. O ‘Der Spiegel’, no início de notícia de
16 de Dezembro passado, dizia:
Portanto, a União Bancária, se
vier a ser criada, obedecerá aos condicionalismos, prazos e poderes que a
Alemanha ditará. Esta é a realidade. O resto são ilusões com que MLA, Carlos
Costa e alguns mais contentam o ego e preenchem os sonhos cor-de-rosa.
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