O oráculo sentenciou: “endividai-vos meus filhos, deveis cumprir
os sagrados compromissos por vós assumidos com o sindicato bancário (Barclays,
BES, Citi, Crédit Agricole, Société Générale e RBS); aumentai a dívida e salvai
o País.”
Maria Luís Albuquerque e Moreira
Rato, depois de respeitosa vénia à divindade, benzeram-se e retiraram-se a
caminho dos mercados – os tais mercados de fácil logística, onde o produto das
transacções, dinheiro, é transportado electronicamente, sem necessidade de
cestos, malas de compras com ou sem rodado e, ainda menos, ‘charriot’ de
supermercado.
A Ministra e o presidente do IGCP exultaram de júbilo. Rato confirmou a operação aos membros do
sindicato bancário, gente naturalmente na expectativa da sentença do oráculo.
Cumprindo o acórdão, iniciaram hoje, bem cedo, a operação de empréstimo a 10
anos de 3.000 M de euros – a procura pelos investidores foi intensa,
acotovelando-se uns aos outros.
Tubo correu bem … bem, mas
a taxa de juro, 5,11% segundo a imprensa, ficou um pouco acima do que a
Albuquerque e o Rato ansiavam – no mercado secundário, os títulos a 10 anos
estavam cotados, às 16h00, a 5,026% / ano, comparável, como diria Gaspar, com
3,28% anuais para a Irlanda. Caramba, nunca mais igualamos a Irlanda! Como é
que os nossos governantes, coitados, hão-de decidir se vamos pela via da ‘saída limpa’ ou
do ‘programa cautelar’? O dilema é um sofrimento muito, muito penoso.
Bom, mas isso agora interessa
pouco. No fim de 2013, já devíamos 129,4% do PIB (= 165.339 M), ou seja, a
dívida pública era de 214.279 M de euros. Agora somam mais estes 3.000 M e mais
uns milhares que se conseguirão dentro de meses. Vistas bem as coisas, o problema
é para quem estiver à frente do país e súbditos daqui a 10 anos; ou talvez muito antes. – Connosco é que não será certamente, porque daqui a algum tempo, chova
ou caia neve, partiremos leve, levemente – desabafaram as duas figurinhas de alívio suspirado.
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