sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cavaquices

Cavaco Silva vem abusando do discurso populista e cínico. Como nada, da sua governação, tivesse influência na situação a que o País chegou.
A troco de subídios europeus, quando primeiro-ministro, dizimou drasticamente a produção agrícola e pesqueira. Agora defende a terra e o mar como vectores estratégicos da defesa da produção nacional.
Com os amigos Catroga e Mira Amaral, retalhou e vendeu a pedaços empresas industriais. A CUF, depois QUIMIGAL, é exemplo de alienações despojadas de estratégia que, inevitavelmente, conduziram à destruição de partes significativas da produção industrial portuguesa. Poder-se-á juntar a estas, a título de escasso exemplo, a destruição da Siderurgia Nacional, da Covina e de outras unidades industriais que, entretanto, foram deslocalizadas e/ou aniquiladas. 
Cavaco foi excelente aluno da teorias das PPP, aplicadas, como bandeira do "desenvolvimento", no investimento na 'Ponte de Vasco da Gama' e em outros projectos. Os 'Mercados Abastecedores', a Expo 98 e o CCB constituem outros capítulos causadores de défices nas contas públicas, pela governação cavaquista; mas também investimentos em infra-estruturas rodoviárias, no lugar de  bens  transaccionáveis. A opção por serviços, de que se destaca o sector financeiro e o BCP, constituiu outra prioridade de 'desenvolvimento' do dos governos de Cavaco Silva.
Agora, como Presidente da República, revela indignação perante a decisão da Moody's de nos classificar como 'lixo'. O 'lixo', Senhor Presidente da República, começou a ser fomentado pelos seus governos, com as auto-estradas e o dizimar do transporte ferroviário, a amputação do tecido económico e a citada veneração pelos serviços. Como bom aluno de Thatcher e Reagan. Infelizmente, os socialistas, Guterres e Sócrates, seguiram os maus exemplos, acrescentando dívida à dívida.
Com o exacerbado neoliberalismo de Passos Coelho, espelhado nas 'golden shares', no imposto extraordinário e na cobrança de portagens em Agosto na ponto 25 de Abril, nós, cidadãos anónimos e entregues ao infortúnio, estamos e passaremos a viver pior.
As agências de 'rating' são meras figuras de cartaz de um espectáculo de que V.Exa. foi e é actor, no protagonismo partilhado do drama de Portugueses, e  de outros, condenados a vidas sofridas.
Plagiando o que Miguel Guilherme diz da política cultural, direi o mesmo das 'cavaquices'... 

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