Mário Soares será convidado de luxo da reentrée do PSD, como orador da Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide; isto deixa-me, de facto, muitas dúvidas sobre a motivação comportamental do veterano socialista.
Alguns podem considerar como acto próprio de senescência; mas, acima de tudo, prevalece a verdade de ser indesculpável que Mário Soares, na qualidade de fundador do PS, se preste ao papel de branqueamento da severa política ultraliberal do governo em exercício, chefiado por Pedro Passos Coelho.
Digam o que disserem Mário Soares e seu séquito de incondicionais seguidores e qualquer que seja o conteúdo da comunicação do ex-Presidente da República, a participação no evento do PSD é sórdida e será uma espécie de oferta às hostes laranjas, em bandeja de ouro, de importante trunfo de propaganda. Ainda por cima numa altura em que o PS se tenta recompor dos efeitos do "eucalipto" Sócrates e a voz da rua, em crescendo, começa a manifestar descontentamento face às duras medidas de injustiça social do actual governo.
O Dr. Soares será, creio, alvo de hipocrisia e chacota. A juventude laranja ouvi-lo-á com escondida ironia e evidente desprezo. Quem estará lá para ser ouvido com extrema atenção será Mariano Rajoy e os comissários políticos do PSD, entre os quais o catedrático Miguel Relvas. E, se aparecer o Teixeira Pinto, o elenco converter-se-á em autêntica constelação de estrelas, que diluirá facilmente, para o auditório, a participação de Mário Soares.
A vida democrática tem regras de tolerância e convivência, mas também de combate político intransigente e ditado por princípios. E o que este governo menos mereceria é que o Dr. Soares se transformasse em trunfo do PSD. Sobretudo este PSD ultraliberal e disfarçado sob a designação 'social-democrata'. Pensar deste modo não é sectarismo, mas sim ser ideológica e intelectualmente coerente.
Caro Carlos Fonseca,
ResponderEliminar... obrigado pela partilha de um facto que, confesso!, desconhecia... mas, convenhamos, apesar de tudo, não é muito surpreendente! ... do que se trata é, isso sim, da nossa boa-fé que não imagina muito do que é, afinal!, a realidade... enfim...
Um abraço amigo.
Ana Paula,
ResponderEliminarO debate na vida democrática é um exercício saudável e indispensável. Num evento de mera propaganda e catequização dos jovens "laranjas", em espaço que não é de debate, a participação de Mário Soares torna-se sórdida e de comprometedora conivência.
Soares está a representar uma espécie de papel de Karensky. Coisa grave, porque alimenta o ego de uma direita eufórica e destruidora de direitos sociais básicos que são a substância nuclear das ideias, valores e referências da matriz autêntica do PS.
Um abraço amigo,
Carlos Fonseca