O Presidente da República, no exercício efectivo do que designa por magistratura activa, não desperdiça oportunidades para dizer o óbvio, afirmar o vazio ou contraditar o que declarou antes ou realizou quando primeiro-ministro.
É desnecessário despender muitas energias para encontrar exemplos de tais divagações. Hoje, no Instituto Gulbenkian da Ciência, Cavaco soltou mais uma vacuidade: "Espero que tenham soado as campainhas de alerta", na UE claro. A prepotente Merkel, mesmo ignorando as afirmações de Cavaco, já deu a resposta de quem manda na Europa: "Problemas do euro não se resolvem numa cimeira".
Merkel esvaziou, assim, a esperança de Cavaco que, por força disso, pode dizer-se ter sido transformado em Cavoco.
Bem mais lúcido é o deputado europeu do PSD Paulo Rangel, ao considerar" "Não se pense que um cenário de guerra na Europa está afastado"; sustentando também que "os acontecimentos precipitaram-se e a União Europeia pode estar mesmo à beira do abismo".
Como em ocasiões anteriores registadas na História, para mal da Europa, os ventos hostis têm como epicentro a Alemanha. A ligeireza do perdão da guerra, as fortíssimas ajudas concedidas pelo PRE e a incapacidade de os deter no absurdo e egocêntrico prazer de destruição do espaço europeu conjugam-se para fazer da maioria dos alemães aquilo que Merkel representa, ou até para além desse domínio. Sem negligenciar a cumplicidade dos franceses que, desde a criação da CECA no pós-guerra, são o par ideal do nefasto eixo franco-germânico a que os países ditos periféricos, como Portugal e Grécia, têm de obedecer.
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