As explicações de Vítor Gaspar sobre a 'dívida colossal' constituem uma das mais patéticas declamações políticas, que escutei até hoje.
Vítor Gaspar, presumida figura de suprema inteligência, sem se dar conta, considera-nos gente estúpida, dada a esmiuçada, morfológicamente complexa e atabalhoada justificação que apresentou para a expressão 'dívida colossal', atribuída a Pedro Passos Coelho.
Diz o Gaspar que entre as palavras 'dívida' e 'colossal' houve outras de permeio, que desconheçe. Desfaz, assim, a relação entre o sujeito 'dívida' e o 'colossal' que, afinal, não é nome predicativo do sujeito, porque está a qualificar o trabalho - "trabalho colossal", referiu.
Para que também conste sob a forma escrita, transcreve-se exactamente o que ele disse:
"A expressão dívida colossal, de acordo com a informação que eu julgo ter sobre o assunto, deve-se a uma - como hei-de dizer? - omissão de palavras que foram usadas entre desvio e colossal; isto é, foi usada a expressão desvio, foram ditas algumas palavras após as quais apareceu colossal, fazendo a eliminação das palavras intermédias fica 'desvio colossal'. A minha interpretação da frase entre desvio e colossal é que foram detectados desvios e que a consolidação orçamental nos vai exigir um trabalho colossal. Esta versão é da minha pura responsabilidade. Eu não tenho nenhuma informação autêntica sobre as palavras que foram proferidas entre desvio e colossal. Mas esta versão agrada-me particularmente.
Tudo isto, de facto, é uma trapalhada, e muito surpreendente; porque, ao estilo do 'sprinter' Bolt, Vítor Gaspar vinha rotulado de Bruxelas com o recorde de 180 segundos na comunicação feita aos colegas europeus da política do governo.
Internamente, além de ratificar as medidas de austeridade esperadas, o ministro das finanças é de uma pobreza extrema na comunicação política; revela, além do mais, que nem sequer preparou o discurso com o primeiro-ministro; com quem, portanto, divide as culpas.
Para um inteligente colossal é estranho, muito estranho.Coitado deste país, destinado a ser laboratório de ensaio para políticos desta natureza. Depois de Sócrates, só nos faltava gente desta.
Sou forçado a concordar com Mário Soares: este não é momento para a revisão constitucional, ainda por cima com este PSD neoliberal e tecnocrático, defensor de uma sociedade de números a que os humanos se subordinam.
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