Portugal foi, é e será sempre um país salpicado por figuras e casos menores que, de súbito, sobem ao estrelato. Agora é este Bairrão que, de volta e meia, salta para as primeiras páginas dos jornais. DN e 'Público', a pretexto do nada, trazem o famigerado Bairrão à baila. Qual será o interesse para a vida dos portugueses? Nenhum! Para ele, talvez. O homem está desempregado e quer trabalho. Com a ajuda de uns amigos, o melhor é não sair de cena. O interesse é, pois, só dele.
Portanto, estas minudências apenas têm relevância para os próprios. O interesse nacional, e isso é que é de ter em conta, está prisioneiro de um programa draconiano da troika, submetido à governação neoliberal de Passos Coelho, e ainda por cima castigado pela agência de rating Moody's - para já esta, mas os veredictos da Fitch e da Standard & Poors também se aproximam.
Neste cenário complexo, do desemprego à pobreza e mesmo miséria generalizadas, da falta de capacidade e meios para relançar a economia, neste cenário complexo, dizíamos, não há Bairrão que apague as dificuldades actuais e futuras das nossas vidas.
Na edição deste fim-de-semana, o 'Expresso', página 4, publica uma elucidativa entrevista de Paul de Grauwe, Professor na Universidade de Lovaina e conselheiro de Durão Barroso: "Governo não deve tomar mais medidas", diz ele e, das diversas justificações utilizadas, destaco esta: "Se matarmos o crescimento, como os programas de austeridade estão a fazer, não saímos daqui...Tenho defendido a emissão de eurobonds".
Com efeito, a propósito do adiar da solução das obrigações europeias (eurobonds), torna-se demasiado claro que os riscos de bancarrota portuguesa são, a cada passo, mais elevados, mas também é óbvio que, quanto à ajuda de banqueiros, bem poderemos esperar sentados... a admirar bairros, bairrinhos e bairrões ou outros trapalhões que se projectam na pista deste esfarrapado circo.
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