Jornais de hoje dão à estampa manifestações de pensamentos de dois idiotas úteis. Considere-se, claro, o conceito actual de 'idiota útil'; de sentido mais lato, apesar de respeitar a ideia da concepção original, atribuída a Lenine.
Um é Pedro Marques Lopes, esse 'tudólogo' que, de súbito, emergiu das trevas, para comentar e opinar sem limites ou restrições de temas. Umas vezes na TV, SIC Notícias em especial, outras em artigos de jornal.
Hoje, em entrevista ao Jornal "i", embora encimada pelo título "A orgânica deste governo é um disparate completo", PML recorre ao discurso laudatório para propagandear as virtudes do actual governo. Do princípio ao fim, a loquaz figura alterna entre o prosaico e a presunção do observador estatuto - "A redução da TSU vai ser compensada pelo aumento de impostos". Que tirada! Ah! Ainda não tínhamos percebido!
Vamos ao segundo. Este é um caso mais sério, porque se trata do actual Ministro da Economia (e de mais não sei o quê), Álvaro Santos Pereira. O tal que prefere ser tratado por Álvaro. O nosso Álvaro, seja assim então, em livro editado em 2007, referido pelo 'Público', considera que a "Madeira poderá tornar-se independente". Do princípio ao fim, o conteúdo da notícia leva-nos a várias citações do referido livro, em que é enaltecido a talento de Jardim para fazer "bluff" com a ameaça de independência, se não for suficientemente abastecido de fundos pelo Continente.
Se o livro foi editado em 2007, alguém no Governo, e em particular o PM, deveria conhecer as ideias e opiniões de Álvaro Santos Pereira, tendencialmente complacentes com João Jardim e independência do arquipélago da Madeira.
Nos quase nove séculos da História de Portugal, no domínio do Continente e Ilhas Adjacentes, o único fenómeno de separatismo conseguido foi o de Olivença. O arquipélago da Madeira, onde os portugueses chegaram sob o comando de Gonçalves Zarco (Porto Santo) e Tristão Vaz Teixeira (Madeira), constitui parte do território nacional que povoámos e está submetido aos interesses da soberania nacional desde o século XV.
O Álvaro tem andado lá pelo Canadá e já está esquecido da História de Portugal. Porém, igualmente ignora a Constituição da República Portuguesa que, no Artigo 5.º, estabelece :
Artigo 5.º
Território
1. Portugal abrange o território historicamente definido no continente europeu e os arquipélagos dos Açores e da Madeira.
2. A lei define a extensão e o limite das águas territoriais, a zona económica exclusiva e os direitos de Portugal aos fundos marinhos contíguos.
3. O Estado não aliena qualquer parte do território português ou dos direitos de soberania que sobre ele exerce, sem prejuízo da rectificação de fronteiras.
Um Álvaro destes serve para ser ministro do governo da Nação? Não! Para secretário do Alberto João? Certamente.
Quanto ao comentário do "Álvaro", o senhor Carlos Fonseca parece não ter entendido a subtil ironia desse economista relativamente ao pseudo-fenómeno independentista da Madeira. O "Álvaro" obviamente não é a favor da independência da Madeira; fez apenas uma análise irónica e realista dos problemas que a Madeira e os madeirenses se confrontariam caso o arquipélago se tornasse independente. Não se olhe ao dedo que aponta mas antes ao que é apontado!
ResponderEliminarPelos vistos, a subtil ironia do dito não foi percebida por mim, nem pelo Jornal da Madeira, órgão oficial do governo regional, caso se considere a informação do trecho inicial da notícia do 'Público':
ResponderEliminar"O professor de Economia, no seu livro Os mitos da Economia Portuguesa, dedica um capítulo à independência deste arquipélago, texto que foi integralmente reproduzido pelo Jornal da Madeira, propriedade do governo de Alberto João Jardim, no Dia da Região..." (sic)