Ontem, no debate sobre o projecto do PCP favorável à renegociação da dívida, o imberbe e simultaneamente barbudo deputado João Almeida, cujo trajecto de dirigente desportivo é marca de personalidade pouco recomendável, viu destruídos os frágeis e falaciosos argumentos utilizados para combater o citado projecto. Dissertou erroneamente sobre a Grécia, usou Cuba em estilo de propaganda, como argumentos da impossibilidade de Portugal renegociar a dívida externa. Tal como a Grécia e a Irlanda, ou outro país da zona euro, presumo.
O discurso do inexperto deputado nem mereceria a mínima atenção, se o partido a que pertence, CDS, não integrasse o actual governo e não tivesse a obrigação efectiva de defender os interesses do País. Como outros, a sua postura é redutora: tomar como dogma o memorando da troika, de que os "centristas", com PS e PSD, foram signatários.
Os resultados da cimeira de hoje em Bruxelas, divulgados pela imprensa nacional e internacional, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, demonstram que afinal a renegociação da dívida é possível, admitindo-se até a possibilidade de incumprimento parcial da Grécia. E o que ficar estabelecido para a Grécia, acentue-se, é aplicável a Portugal, à Irlanda ou a qualquer outro Estado-Membro da zona Euro - o Chipre já emitiu sinais de alarme para ajuda.
Na cimeira da zona euro de hoje, lembre-se, foi decidida a prorrogação do prazo de reembolso de empréstimos pelo FEEF de 7 para 15 anos, à taxa de 3,5% em vez dos 5,6% iniciais. Trata-se de uma autêntica reestruturação da dívida, concretizando objectivos da renegociação propostos pelo PCP.
O titubeante primeiro-ministro também não sai ileso desta contenda, atendendo a que, olímpica e gratuitamente, afirmava com volátil convicção que o seu governo rejeitava a renegociação.
A distância entre o que dizem antes e o que sucede depois é, por si só, inequívoca prova de falta de mérito e capacidade dos políticos que nos governam e têm governado. Sigamos em frente, porque Merkel e Sarkozy são quem manda. Os outros são arraia-miúda.
(Obs.: Não sou militante e nem sequer votante do PCP, mas sinto-me incapaz de acomodação à falácia e á incompetência de políticos que fazem impender sobre as nossas vidas as dificuldades que sabemos; pensando que sabem e ordenam para além do que conhecem e podem)
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