O título Moddy's. A direita indigna-se, a esquerda diz "bem-vindos a bordo" é capcioso. Concedo o benefício da dúvida quanto à intencionalidade. Porém, para um leitor atento, é efectivamente ardiloso.
Basta ler a notícia, automaticamente se infere que foi a direita a mudar de opinião e não a esquerda. No texto, entre outras, é reproduzida a seguinte afirmação do Presidente da República:
Não vale a pena recriminar as agências de rating. O que nós devemos fazer é o nosso trabalho para depender cada vez menos das necessidades de financiamento externo.
Agora, segundo o 'Público', diz:
Não há a mínima justificação para que uma agência de notação altere a apreciação que faz da República Portuguesa, quando há informações de que Portugal está a cumprir tudo o que consta do memorando assinado.
A direita portuguesa, em que se integra o PR, está em processo de perturbada metamorfose. Caminha, pois, no sentido das opiniões manifestadas pela esquerda. E nem é necessário focarmo-nos em sectores mais à esquerda do espectro político. Referimos a clareza da proposta do Prof. João Ferreira Amaral, próximo do PS, de defesa da nossa saída ordenada do euro. Como, de resto, advogou a não entrada e os acontecimentos estão a demonstrar de forma categórica que JFA teve razão antes de tempo.
O sistema financeiro internacional está dominado e domesticado justamente por um conjunto de países, EUA, Reino Unido e Alemanha à cabeça, o primeiro dos quais com fortíssimas responsabilidades pela crise. Perpetuam esse domínio, também através de desmesurado poder sobre as instituições financeiras mundiais. Veja-se, a título de exemplo, este gráfico da insuspeita "The Economist":
O sistema financeiro internacional está dominado e domesticado justamente por um conjunto de países, EUA, Reino Unido e Alemanha à cabeça, o primeiro dos quais com fortíssimas responsabilidades pela crise. Perpetuam esse domínio, também através de desmesurado poder sobre as instituições financeiras mundiais. Veja-se, a título de exemplo, este gráfico da insuspeita "The Economist":
A falta de racionalidade e de equidade nos votos atribuídos a cada grupo de países é evidenciada pelos dados do quadro. A linha vermelha, vertical, corresponde ao valor 1,00 de fronteira e divide as zonas económicas em 'sub-representadas e sobre representadas'. Para se ter uma ideia concreta do que isto significa, citamos a comparação feita pela "The Economist' entre a Zona Euro e os BRICS:
'Consideradas no conjunto, as economias dos países da Zona Euro totalizam abaixo de 24% da economia global. As economias do Brasil, Rússia, India, China e África do Sul, juntas, produzem cerca de 21% do PIB mundial. Mas os países Europeus detêm 32% dos votos no FMI, enquanto que os BRICS têm apenas 11%.
Como é óbvio, isto e mais, muito mais constitui prova de que algo terá de mudar nas finanças mundiais. E a direita já perdeu argumentos para defender o 'status quo' de que emergiu a crise actual. Só que está tolhida pela ideologia neoliberal; hoje, tão contraditoriamente, em voga na Europa, a despeito dos males causados a milhões de seres humanos.
E a Europa, a continuar por este caminho, poderá ser palco de lutas entre direitas e esquerdas, mas também entre os do Centro e do Norte e os do Sul. Da divisão da Europa, da xenofobia e autoritarismos alemães e seus vizinhos próximos já a História fala com eloquência.
E a Europa, a continuar por este caminho, poderá ser palco de lutas entre direitas e esquerdas, mas também entre os do Centro e do Norte e os do Sul. Da divisão da Europa, da xenofobia e autoritarismos alemães e seus vizinhos próximos já a História fala com eloquência.
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