Parte substancial dos políticos
ofende diariamente o País e os cidadãos. Da direita, então, sopra há anos uma
contradição insanável, instrumentalizada com a célebre frase ‘menos Estado, melhor Estado”. Jamais
assim agiram, e se nos dessemos ao trabalho de contar o número daqueles que,
defensores do pregão, têm elevadas e abjectas pensões do Estado, em especial da
AR; ou os gestores públicos que, a despeito do neoliberalismo talhado à medida
de espúrios interesses, continuam a ser pagos com salários de 12.000 a 14.000
mensais, mais carros e ‘fringe benefits’ generosos; se nos dessemos a esse
trabalho, dizia, concluiríamos que a horda de oportunistas é enorme.
O PR vai a caminho de 20 anos de
actividade política, tendo sido o grande iniciador das majestáticas obras públicas, do processo de desindustrialização,
de cortes na produção agrícola e abates da frota pesqueira. A história é
repetida demasiadas vezes, mas como Cavaco Silva nega a autoria do arranque do
período desastroso que, na actualidade, nos definha, também temos de nos enlear
na repetição da história.
Converteu-se há uns anitos à
doutrina do investimento na área dos ‘bens transaccionáveis’. Propagandeei-a de ar
inocente. Ilude os menos atentos, ao omitir que, como governante, deu
preferência às grandes obras públicas, mandou alienar empresas, criou
desinvestimento e deslocalização de produções para o estrangeiro – o sucesso da
AutoEuropa, sempre dependente do exterior, não oculta tudo o que se fez ao grupo CUF, à Siderurgia Nacional, à
Covina, às indústrias vidreiras na Marinha Grande ou aos lanifícios da Covilhã.
Outro círculo, largo e em muitos
casos obsceno, é formado pelos autarcas de carreira – 25 anos de autarca é
obra! Cria vícios, tende a cimentar lideranças de pesporrência. Mas, agora que
a lei mudou, o divino declarou: - Deixas
de ser presidente de câmara, mas tem calma, arranja-se um lugar na Europa.
Fernando
Ruas é uma dessas figuras. Talvez jamais tenha lido uma linha de qualquer
tratado da UE – com o de Lisboa o homem ficaria tonto. Ignorar não é importante
para esta gente. Certo, certo é que merece o Parlamento Europeu, como um católico cumpridor merece o céu.
Fernando Ruas, de resto, já é um
abençoado na terra. Nasceu e há-de partir de cabelo e bigode pretos. O bloguer,
entendeu o tribunal, terá passado das marcas, e “crimes” de cidadãos anónimos
estão blindados contra a prescrição. Se fosse em sentido inverso – e de que
maneira os políticos nos ofendem diariamente! – então, sim, a prescrição era inevitável.
Que justiça é esta, amigos?
Caro Manuel, grato pela referência. Sobre o demais além do recurso que já apresentei deixo aqui o meu testemunho público sobre este assunto. Será a Justiça cega? http://gamvis.blogspot.pt/2014/03/sera-justica-cega.html
ResponderEliminarOxalá um dia a liberdade de expressão seja também a expressão da liberdade. Cumpts
http://gamvis.blogspot.pt/2013/10/a-liberdade-de-expressao-e-tao.html