Em Portugal é dos países em que o conceito de Pátria,
e subsequentemente a noção de patriotismo é tendencialmente metafísica. Aglutinar
umas dezenas de personagens de diferentes e até de opostos quadrantes ideológicos, em defesa do interesse nacional, é, por isso, fenómeno raro.
Contra a corrente dessa
proximidade da metafísica – vamos esquecer o censurável isolamento “vanguardista”
do PCP – e a título tão louvável como extraordinário, um grupo de cidadãos de
estatutos, doutrinas e origens político-partidárias diferenciadas, de Manuela
Ferreira e Bagão Félix a Francisco Louçã e Manuel Carvalho da Silva, ter decidido manifestar-se unanimemente, a favor da reestruturação da dívida
pública portuguesa – imparável no ritmo de crescimento, impagável por falta
de condições estruturais da Economia Portuguesa, no curto, médio e longo prazos.
Os subscritores acabam por
opor-se a Cavaco – e obviamente ao governo. Fizeram-no sob a forma de
documento, um
manifesto, também escrito e assinado por baixo.
Esse erro primário e desconchavado
cavaquista, do “falar
oralmente”, não foi cometido por quem entende e bem da insustentabilidade
do País para fazer convergir, ininterruptamente, um excedente primário anual de
3%, um crescimento de 4% do PIB e uma taxa de juro de 4%; tudo isto, segundo o
douto professor de ‘finanças públicas’ que ocupa o Palácio de Belém, para
regularmos as nossas contas públicas até 2035, obedecendo aos inatingíveis
objectivos da UE, também selados, diga-se, por essa oposição de presunção de
ignorante do PS de António José Seguro (aprovação do Tratado Orçamental).
No livro ‘Pós-Guerra - História
da Europa desde 1945’ Tony Judt descreve os perdões de dívida, eliminação de
juros à Alemanha, tal como citado no manifesto, e ainda outros registos
históricos, como ajudas alimentares a vastas camadas populações alemãs,
nomeadamente por parte do Reino Unido.
Os portugueses estão a pagar preços
exorbitantes pelo ingresso fácil, rendível e fátuo dos
ex-jotinhas que, sem habilitações e capacidades adequadas, há anos se
infiltraram nos partidos dominantes. A cereja em cima do bolo para um deles é
contar na PR com alguém que começou o descalabro, prosseguido por outros, e
que, por uma espécie de senilidade, se estende ao comprido na análise e
nas propostas de solução política para o desgraçado País que hoje somos e que afugenta
cerca de uma centena de milhares, para os caminhos de emigração, em cada ano
que passa.
Sem ser relevante, e porque se
insere na presunção de atrevidos ignorantes sem conhecimentos de Economia, é de
atentar nos conteúdos de certos comentários a incidir sobre notícias cujos
textos não sabem interpretar. Ficamos com a escória, perdemos parte significativa
dos melhores.
Entreguem o País ao Miguel Gonçalves, embora não seja Vasconcelos como o de 1640, e sendo de Braga, sempre
é um sucessor do Cónego Melo em estilo mais divertido. Ele a ‘bater punho’ e o
Catroga a falar de ‘punheta’ na SICN formam um par digno da ‘Revista à
Portuguesa’.
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