Jacek Protasiewicz |
A Europa, nos últimos tempos, está a regredir para o tipo de comportamentos políticos e sócio-políticos que se imaginariam arredados definitivamente pós-1945. Não é, por mero acaso e
sem preconceitos de xenofobia encapotada, que Merkel e Schäuble, perante
quem Passos Coelho e Vítor Gaspar se curvam servilmente, decidiram assumir o
comando da UE, sob a forma de directório. O total desprezo pelos poderes da CE e do nosso José Manuel são uma afronta. Barroso, se tivesse carácter e respeito por si próprio, já se
teria demitido, de tantas vezes humilhado.
Como estamos na era de tudo ser favorável à Alemanha, a França premiou-a com um Hollande ridículo, inconsistente e completamente ignorante quanto às alternativas ao domínio alemão que, pura e simplesmente, o meteu no bolso.
Numa espécie resultado conjugado, em ritmo de cadenciado de ‘jogging’ político pausado mas obstinado, os países do Norte Europeu, sob a capciosa
influência da Alemanha agora vitoriosa economicamente, neste início do século
XXI, têm avançado através de episódios de desmandos de uma tirania contra os europeus
da periferia sulista; seja para os subjugar a regras orçamentais e financeiras de
muito difícil cumprimento para economias fragilizadas como Espanha, Grécia,
Itália e Portugal, seja por mero deleite de criar episódios ofensivos dos
valores democráticos que uma réstia intolerável de Sudetas, que, em complemento dos germânicos puros, ainda hoje se
mantêm activos e usam os seus símbolos
na Polónia, como na Hungria, Eslováquia ou República Checa.
É, pois, sob o compressor do
poder germano-austríaco, com a conivência da Holanda e Finlândia em especial, e
ainda de outros países, a Polónia no caso, que não é inesperada a erupção de
lamentáveis comportamentos de reminiscência fascista.
O polaco e vice-presidente do PE,Jacek Protasiewicz, do partido do poder em Varsóvia, emborcou duas garrafas de
vinho – talvez também alguns cálices de vodka a rematar – num voo entre a
capital polaca e Frankfurt.
Ébrio, e em conflito com os
funcionários do aeroporto de chegada, o Jacek desatou a gritar ‘Heil
Hitler!”, a saudação nazi. Interrogou ainda o
funcionário alemão se tinha estado no campo de extermínio de Auschwitz.
Às invectivas junta-se o paradoxo do homem ser membro de movimento polaco sob a pacífica designação de ‘Plataforma Cívica’, o que faz subentender ter civismo.
Se considerarmos o que se está a
passar na Ucrânia, em especial na Crimeia, a tendência para partidos de extrema-direita,
em França por exemplo, virem a obter bons resultados nas eleições europeias, ao já citado regime de opressão sobre as economias do Sul da Europa, e à medida que o caldo
vai engrossando, não deixa de ser prudente que homens de Estado com envergadura
– não os Nunos Melos e criançada do género – tomem consciência que, devagar mas
firme, a Europa está no início de uma crise que tende a adensar-se com
consequências imprevisíveis.
Quando duas garrafas de vinho
causam uma bebedeira que termina no grito da saudação ‘nazi’, nem muito tinto ou branco é preciso para pôr o
Velho Continente aos tombos – o Portas e o Pires vão já aproveitar a
oportunidade para tentar aumentar as exportações da vinhaça nacional.
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