sábado, 1 de março de 2014

Duas garrafas de vinho causam bebedeira nazi

Jacek Protasiewicz
A Europa, nos últimos tempos, está a regredir para o tipo de comportamentos políticos e sócio-políticos que se imaginariam arredados definitivamente pós-1945. Não é, por mero acaso e sem preconceitos de xenofobia encapotada, que Merkel e Schäuble, perante quem Passos Coelho e Vítor Gaspar se curvam servilmente, decidiram assumir o comando da UE, sob a forma de directório. O total desprezo pelos poderes da CE e do nosso José Manuel são uma afronta. Barroso, se tivesse carácter e respeito por si próprio, já se teria demitido, de tantas vezes humilhado. 
Como estamos na era de tudo ser favorável à Alemanha, a França premiou-a com um Hollande ridículo, inconsistente e completamente ignorante quanto às alternativas ao domínio alemão que, pura e simplesmente, o meteu no bolso.
Numa espécie resultado conjugado, em ritmo de cadenciado de ‘jogging’ político pausado mas obstinado, os países do Norte Europeu, sob a capciosa influência da Alemanha agora vitoriosa economicamente, neste início do século XXI, têm avançado através de episódios de desmandos de uma tirania contra os europeus da periferia sulista; seja para os subjugar a regras orçamentais e financeiras de muito difícil cumprimento para economias fragilizadas como Espanha, Grécia, Itália e Portugal, seja por mero deleite de criar episódios ofensivos dos valores democráticos que uma réstia intolerável de Sudetas, que, em complemento dos germânicos puros, ainda hoje se mantêm activos e usam os seus símbolos na Polónia, como na Hungria, Eslováquia ou República Checa.  

É, pois, sob o compressor do poder germano-austríaco, com a conivência da Holanda e Finlândia em especial, e ainda de outros países, a Polónia no caso, que não é inesperada a erupção de lamentáveis comportamentos de reminiscência fascista.
O polaco e vice-presidente do PE,Jacek Protasiewicz, do partido do poder em Varsóvia, emborcou duas garrafas de vinho – talvez também alguns cálices de vodka a rematar – num voo entre a capital polaca e Frankfurt.
Ébrio, e em conflito com os funcionários do aeroporto de chegada, o Jacek desatou a gritar ‘Heil Hitler!”, a saudação nazi. Interrogou ainda o funcionário alemão se tinha estado no campo de extermínio de Auschwitz.
Às invectivas junta-se o paradoxo do homem ser membro de movimento polaco sob a pacífica designação de ‘Plataforma Cívica’, o que faz subentender ter civismo.
Se considerarmos o que se está a passar na Ucrânia, em especial na Crimeia, a tendência para partidos de extrema-direita, em França por exemplo, virem a obter bons resultados nas eleições europeias, ao já citado regime de opressão sobre as economias do Sul da Europa, e à medida que o caldo vai engrossando, não deixa de ser prudente que homens de Estado com envergadura – não os Nunos Melos e criançada do género – tomem consciência que, devagar mas firme, a Europa está no início de uma crise que tende a adensar-se com consequências imprevisíveis. 
Quando duas garrafas de vinho causam uma bebedeira que termina no grito da saudação ‘nazi’, nem muito tinto ou branco é preciso para pôr o Velho Continente aos tombos – o Portas e o Pires vão já aproveitar a oportunidade para tentar aumentar as exportações da vinhaça nacional.

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