É um registo histórico do DNA do PCP de há muitos, muitos anos. Qualquer movimento mesmo da menor relevância para a política nacional, o que não é o caso, o Partido Comunista Português, uma vez que não lidere a frente vanguardista da iniciativa, é incapaz de se unir a outros democratas que, de forma consensual muito alargada, lutam pelo interesse nacional, acima de objectivos ou mesmo metas partidárias.
O ‘manifesto dos 70’, que no fim de contas são 74, aglutinam vontades e espírito de solidariedade de pessoas politicamente tão distantes entre si, como os pares Manuel Ferreira Leite e Francisco Louçã, Bagão Félix e Fernando Rosas ou mesmo os dois consultores de Cavaco Silva, Sevinate Pinto e Vítor Martins, expulsos e humilhados publicamente pelo mais medíocre dos PR pós-25 de Abril.
O objectivo, compulsivamente tentado, é, como se sabe, reestruturar a dívida que, pelo volume, é Belém quem o diz, carece de 20 anos consecutivos de 3% de superavit primário, 4% de crescimento anual do PIB e uma taxa de 4% de juro anual para ser regularizada – estes parâmetros não se atingirão deixando tudo correr como está e nem daqui a 60 anos teremos a dívida reduzia aos 60% do PIB que os tratados europeus exigem.
Foi a noção das pesadas realidades que impendem sobre o País, e da incapacidade de cumprir a dívida tal como está estruturada que serviram de razão de fundo para a aglutinação e acção dos signatários do manifesto.
A direita, neoliberal e que cultiva a gincana política à mistura com as intervenções reles do tipo daquela a que Coelho se prestou na inauguração das instalações da PJ, essa direita, dizia, entende que o manifesto é inoportuno.
O PCP, por sua vez, instalado no trono do vanguardismo com que imagina enganar pacóvios, vem a público classificar o documento de “tardio” mas indispensável, para justificar a ausência de qualquer militante do partido, um que fosse, na subscrição do manifesto.
O relógio do CDS no Largo do Caldos, o inoportuno dos afectos ao PSD e o tardio do PCP unem direita e comunistas no consenso sobre a valorização da variável tempo.
Por motivos distintos, também penso que o tempo é, de facto, uma variável fundamental. Justifico-me:
1) Na contagem dos juros de todas as dívidas, o tempo jamais cessa de contar, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 52 semanas por ano – a função do tempo é, no caso, contínua.
2) Já há muito que seria tempo da superestrutura do PCP, na hora de superiores interesses nacionais, perder o complexo de se sentir menorizada por se revelar igual a outras forças políticas e individualidades em actos concretos da defesa do País.
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