Usufruo de direitos elementares
reconhecidos à generalidade dos cidadãos; embora, neste momento e como sucede
com centenas de milhares de outros, parte de direitos fundamentais tenham sido desrespeitados
pelo actual governo.
No dia-a-dia da vida, tenho o
direito de criticar opiniões de quem discordo, assim como de louvar quem
escreve e me merece concordância – Pulido Valente, pelos tons desarmónicos de
certos textos, é um autor de artigos de opinião com quem mais tenho tido e manifestado
divergências, recorrendo eu próprio a um sarcasmo talvez excessivo.
Todavia, e sempre em respeito por
tudo o que integra os meus princípios e convicções e, em especial, uma
experiência de vida bem-sucedida, mas marcada pela dureza e por adversidades
como tantas outras, sobretudo as máculas profundas do despotismo do regime de
Salazar e Caetano. Pulido Valente, na edição do ‘Público’, denuncia essa tirania sob o
título ‘O
empobrecimento’.
Com efeito, desta feita Pulido
Valente decidiu acertar em cheio na ‘mouche’, não lhe escapando a política do
falso e ignorante, Passos Coelho, e da corja que o acompanha. Sem a menor
relutância, trago o artigo de Pulido Valente à conversa, destacando parcelas do
texto que reflectem a vida de carências e sacrifícios que o povo português conheceu
durante décadas – Passos Coelho, com a infância em Angola e regressado no
início da adolescência ao lugar de colonos nababos que consideravam “África é aqui”
é, de facto, um néscio na matéria.
Eis, pois, alguns trechos de ‘O
empobrecimento’ que destaco:
1.º §:
“O primeiro-ministro anunciou que Portugal não voltará tão cedo, se
voltar, à relativa prosperidade de 2011. Outras personagens que o apoiam e o
aprovam prevêem tranquilamente o empobrecimento progressivo do país. Nenhuma
delas parece ter vivido os tempos de fome e desespero que duraram muito mais de
40 anos, durante a República, Salazar e Caetano.”
2.º §:
“Com 30 anos no “25 de Abril”, não me esqueci depressa do que era a
vida nessa altura. Não falo da esquálida miséria do campo, que numa região rica
a uns quilómetros de Lisboa, em que as pessoas trabalhavam o dia inteiro,
envelheciam depressa e morriam de qualquer maneira, sem diagnóstico e sem
assistência. Como não falo da província – do Minho ao Algarve – onde o horror
se tinha tornado a normalidade. Na falta de uma experiência directa, seria um
impudor.
3.º § parte:
“O Portugal de hoje não conseguiria nunca perceber o Portugal de 1950
ou de 1960. Agora, até se glorifica o crescimento da economia e a estabilidade
financeira do regime. O primeiro-ministro com certeza nunca se deu ao trabalho
de imaginar aquilo a que a pobreza haveria condenado um rapazinho de
Trás-os-Montes com uma mediana boa voz. Nem lhe descreveram o deserto que foi
Lisboa nessa época de chumbo, onde ir ao café ou a um cinema de “reposição” tomavam
as proporções de um acontecimento...”
Se Pulido Valente escrevesse
sempre assim, i.e., nunca abandonasse o lado do rigor e da verdade para enveredar
pelo repulsa e ofensa gratuitas a Pacheco Pereira e outros intelectuais, nunca teria da
minha parte a mais ténue das críticas. Todavia, há muitos escritos em que opta
pelo disparate e pela incoerência. É pena.
Pelo serviço militar fui parar a Angola. Havia uma emissão de rádio clandestina a que chamávamos "Maria Turra". A técnica que utilizavam era semelhante à VPV, descreviam um acontecimento verdadeiro e três falsos. Escusado será dizer que quem tinha observado o verdadeiro, era levado a supor que os falsos eram verdadeiros.
ResponderEliminarNota: para que não fiquem dúvidas sou um anti colonialista convicto!
Um abraço
Quando refiro os nababos que vinham de África de férias e a transportar a soberba por todos os poros, estou a referir.me aqueles que tinham excelente vida e não andavam na guerra. É o caso de familiares muito próximos meus, incluindo um tio que foi sócio do pai da Paula Teixeira da Cruz e do Eng.º Aparício pai da Sofia Aparício. Ganharam montes de dinheiro e arrotavam a postas de pescada.
ResponderEliminarAo Passos Coelho, conheci-o dos tempos de mau rapazinho que ainda hoje é. É amigo da Paula, mas donde conheci melhor esse canalha foi numa antiga morada minha. Casou com a Fátima Padinha das "Doce" e foi pai de duas filhas dela. Abandonou as miúdas. Agora, para evitar notícias desfavoráveis, reaproximou-se das miúdas. É, de facto, um gajo destes que temos à frente do País. Fora outras coisas passadas às tantas no Café Califa, em São Domingos de Benfica / LIsboa.
De África também regressou gente boa e alguns ficaram prejudicados. Por sua vez, sem nunca ter vivido em nenhuma das ex-colónias, viajei por todas elas durante anos, excepto Timor.
Um abraço,
CF
Rectifico 'transpirar' e não transportar' na 1.ª linha.
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