O Baptista – não é o mesmo do “cala
a boca Baptista!” do programa do Jô Soares, é pior – irrompeu pelo gabinete do PM
adentro e em tom grave afirmou: - Ó Senhor Doutor já viu esta notícia de 74
economistas estrangeiros, de várias nacionalidades, que assinaram o manifesto
da reestruturação da dívida portuguesa daquela gentalha?
Passos fixou o olhar no assessor
e retorquiu: - Já Baptista, o Meireles, como sabe, compra-me os jornais todos
os dias e de Massamá à Lapa – o que significa de um desterro a um bairro de
luxo, esclareça-se – dou uma vista pelos jornais e logo que li isso, mandei o jornal pelo ar – e desabafou – essa estrangeirada! A minha vontade é
pedir ao Zequinha para os correr todos ao pontapé.
Depois de uns instantes de
silêncio, adiantou: - Sabe Baptista, falei ao José Gomes Ferreira da SIC e ao
António Costa do ‘Diário Económico’ e pedi-lhes que se empenhem numa campanha
na imprensa mundial para correr com eles do FMI, da ONU, da Universidade de
Columbia ou de Brown, desta última esse Marc
Blyth tem mesmo de seguir o caminho do Sevinate e do Martins, rua! - Então, ando
eu a dar a volta à Merkel para pagarmos a dívida mesmo que se acrescentem mais
uns mesitos aos 20 anos calculados pelo Cavaco e essa estrangeirada, de
conivência com a gentalha dos 74 subscritores nacionais, anda a intrometer-se
na nossa dívida.
A estrangeirada, em aliança com
os nacionais, defende o seguinte raciocínio:
Ora aqui temos a descrição da
criminosa acção. Uns adversários do manifesto, perante a adesão de economistas de
várias nacionalidades e de renome, trazem a velha história do estafado
argumento do provincianismo, aqui
denunciado por Fernando Pessoa
O sério disto tudo é que, desde
os tempos de Pessoa, o mundo e as relações internacionais levaram uma volta
profunda com a globalização, as novas tecnologias, a telecomunicação à dimensão
global e muitos outros progressos. Fica destituída de qualquer sentido a
classificação inconsciente de provincianismo ao facto de se ter conseguido a adesão
de 74 estrangeiros à tese de quem defende a reestruturação da dívida. Para cúmulo é maioritariamente externa e submetida a regras da UE28 e Zona Euro que
os países do Norte da Europa, Alemanha à cabeça, comandam. Decididamente esses
críticos não conhecem o signficado de provincianismo, menos ainda o seu conceito mais profundo e actual.
Interprete-se pois que, na
Europa, nos EUA e em diversas partes do mundo, existem posições divergentes de
soluções para as dívidas soberanas. Se uns concordam com a política do governo
de Passos Coelho e Paulo Portas, por que razão outros não podem estar em
sintonia com quem tem a perspectiva da reestruturação sem ‘haircuts’, com
alargamento de prazo de reembolso e redução de juros?
Tem-se a tentação de recorrer ao
jargão: “É a Economia, estúpidos!” Não teremos meios para pagar a dívida como
está programada e forçosamente não teremos crescimento. Perceberam?
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