Comecemos por Luís Montenegro –
que apelido apropriado! O líder parlamentar ‘laranja’, no final das jornadas
parlamentares no ‘cavaquistão’, asseverou que sobre remunerações de reformados,
pensionistas e funcionários públicos não haveria novos cortes. Depois, na AR,
repetiu o embuste.
A oposição retorquiu que, pelo
menos, ao lançar tabela salarial única da função pública (fp), o governo iria aplicar cortes nos salários do sector. O deputado
eleito por Aveiro, bem poderia ter-se ficado pela apanha do sargaço, em vez de participar
nesta matéria orgânica estranha que é a mistura PSD+CDS de Portas e Coelho.
Trata-se de substância que, em vez de adubar, destrói as nossas vidas.
É revoltante o descaramento de intrujar
os portugueses. Montenegro é um pecaminoso de maior gravidade; é impossível que,
na qualidade de líder parlamentar, desconheça as intenções e objectivos do
governo em termos de ‘finanças públicas’, neste caso nos domínios das reformas
e salários da fp, bem como a que
princípios obedecerá o Documento de Estratégia Orçamental (DEO), por Maria “Loura”
Albuquerque, no qual se abre o caminho para a redução definitiva de reformas,
pensões e salários, em função de mecanismos
relacionados com a demografia e a economia.
Diz a ministra: “a reforma mais
profunda do sistema de pensões fica adiada para depois de 2015”. Está aqui uma
das explicações para o consenso de médio e longo prazo pedido ao PS.
O que haverá de esperar de um
país em acelerado envelhecimento, coincidente com a redução sucessiva de postos
de trabalho; vejamos o quadro comparativo dos dois agregados entre 2007 e 2012:
A população activa diminuiu –2,20%
em comparação com os números de pensionistas da Segurança Social e reformados da CGA que
aumentaram +8,08%, no período em causa.
O governo e seu patrono FMI
jamais conseguem inverter esta tendência em clima da dura austeridade A
alternativa é o crescimento da economia e a criação de emprego - as previsões do PIB do Banco de Portugal até 2016, além de discutíveis, são insuficientes para a
sustentabilidade do sistema da segurança social, da economia e da própria
democracia. O torniquete vai-se apertando, caso se tome em
linha de conta o debacle do sistema económico a nível mundial e que atingiu
mais profundamente a Europa – sobretudo o Sul, de onde as indústrias de mão-de-obra
intensiva se transferiram para outras paragens.
‘Crescimento a toda a força!’ é a palavra de
ordem e justamente, por esta razão fundamental e outras acessórias, só conseguiremos sair da complexa situação em que vivemos através da reestruturação
da dívida; dívida esta que, nas condições citadas no prefácio do roteiro de Cavaco Silva,
não é pagável. Todavia, os fanáticos apoiantes de Belém e São Bento escondem
desde o primeiro instante esta realidade. Preferem distrair-nos com ‘o tiro ao
manifesto’. São uns brincalhões.
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