No 40º aniversário de Abril de
1974, e
da boca de um petulante intrujão que à data da revolução tinha dez anos e vivia
em Angola, infiltrado no sistema político, como é possível ouvirem-se dislates e obscenidades sociais tão chocantes?
Estamos, de facto, a ser
dirigidos por um PM pesporrente, de espírito verdadeiramente autocrático, a quem o
Presidente da República consente – é o consenso – ataques baixos aos mais
desprotegidos, os trabalhadores por conta de outrem, como se não bastasse a ignomínia de leis
laborais mais flexíveis do que na China, segundo a opinião da própria OIT.
Em cerimónias públicas, e ainda o
fez este fim-de-semana ao lado de Balsemão, afirma que o PSD é um partido
social-democrata. Apenas de nome, é evidente. Sim, porque na prática é um
partido de ideologia e práticas neoliberais que, por exemplo, em matéria de
relações laborais tem o objectivo de premiar quem comete ilegalidades.
Atente-se no que Passos Coelho afirmou hoje na AR:
“Há uma vontade de explorar com os parceiros sociais a possibilidade de diminuir o que é hoje o diferencial dos montantes a pagar em caso de despedimento sem justa causa, face àquilo que são os montantes que devem ser pagos por justa causa”
Afinal que Estado Social Europeu
é este, em Portugal, onde o infractor é premiado por despedir de forma
arbitrária, pagando uma indemnização irrisória, sem ter ‘justa causa’ para o fazer?
Do Presidente da República, nada
espero sobre o ignóbil projecto do governo, a corporizar através de iníqua e obtusa legislação.
Tenho sim a esperança de que o
Tribunal Constitucional continue a declarar a inconstitucionalidade de actos de
governação idênticos ou similares a esta afronta aos direitos mais elementares
dos trabalhadores, impedindo os empregadores de pagar, aos despedidos ‘sem justa
causa’, indemnizações normais e já reduzidas; actos desses, no fundo,
transformariam ilegalidades em actos legais.
Este projecto de Passos Coelho é
de um autoritarismo não escrutinado através do programa de eleições que
anunciou ao País e tresanda ao recurso a uma ideologia aberrante, neoliberal,
que igualmente não foi sufragada pelos portugueses.
Que dirá o democrata-cristão Portas
de tal desonestidade? Nada, como de costume. Arranja uma viagem até ao Qatar e
diz que vendeu sumos e conservas a rodos. Agora é o “Paulinho dos Emiratos”.
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