O programa do FMI e da União Europeia para Portugal (2011-4)
deve terminar a 17 de Maio de 2014. Nas próximas semanas será tomada a decisão
de aceitação de um programa precaucionário continuando as mesmas políticas ou
de submissão à vontade dos mercados. Em qualquer dos casos, a regra da
austeridade continuaria num país em que o nível de desemprego já duplicou para
cerca de 20%, como resultado da estratégia escolhida.
Para mais, apesar de fortes reduções do orçamento de Estado,
o rácio da dívida no PIB subiu para 129%. Nos dois anos anteriores a 2008, a
dívida pública tinha aumentado 0,7%; nos dois anos seguintes, cresceu 15%. Os
resultados são claros: a austeridade orçamental reduziu a procura agregada, agravou
a recessão, aumentou o nível da dívida pública e impôs sofrimento social à
medida que as pensões e salários foram reduzidos, os impostos foram aumentados
e a protecção social foi degradada.
Como economistas de diversas opiniões, temos expressado as
nossas preocupações quanto aos efeitos da estratégia de austeridade na Europa.
Recomendámos fortemente a rejeição das ideias da “recessão curativa” e da
“austeridade expansionista” e os programas impostos a vários países. Criticámos
as decisões do BCE durante a recessão prolongada e a recuperação medíocre. Os
resultados confirmam a razão da nossa crítica. É tempo de mudar o curso desta
política.
Assim, apelamos a uma política europeia consistente contra a
recessão. Apoiamos os esforços dos que em Portugal propõem a reestruturação da
dívida pública global, no sentido de se obterem menores taxas de juro e prazos
mais amplos, de modo que o esforço de pagamento seja compatível com uma
estratégia de crescimento, de investimento e de criação de emprego.
Lista dos subscritores
Alberto Recio, Universidade Autonoma de Barcelona, Espanha
Alejandro Florito, Universidade Lujan, Buenos Aires,
Argentina
Alexander Sulejewiz, Universidade de Varsóvia, Polónia
Alan Freeman, Universidade Metropolitana de Londres, Reino
Unido
Andrea Roventini, Universidade de Verona, Itália
Andy Dennis, Universidade de Londres, Reino Unido
Anton Hellesoy, ex-vice presidente da Hoegh LNG, Noruega
Beng-Ake Lundvall, Universidade de Aalborg, Dinamarca,
secretário-geral de Globelic
Benjamim Coriat, Universidade Paris XIII, França
Carlota Perez, Universidade de Tallinn, Estónia
Dirk Erhuts, Universidade de Berlim, Alemanha
Eduardo Strachman, UNESP, Brasil
Engelbert Stockhammer, Universidade de Kingston, Reino Unido
Erik Reinert, Universidade Tecnológica de Tallinn, Estónia
Erisa Senerdem, Universidade de Istambul, Turquia
Gabriel Palma, Universidade de Cambridge, Reino Unido
Gary Dymski, Universidade de Leeds, Reino Unido
Geoffrey Hodgson, Universidade de Hertefordshire, Reino
Unido, editor de Journal of Institutional Economics
Georges Caravelis, Secretariado da Comissão de Economia,
Parlamento Europeu, Bélgica
Sem comentários:
Enviar um comentário