O Zé Manuel tem tanta culpa de ser jovem da Cova Piedade, como eu de Xabregas. Com efeito, o lugar de nascimento é
secundário se consideradas às ideias políticas que cada um defende e adere.
Umas são meras opções de incidência residual. Em outros casos, é o
comportamento de vida, em especial na esfera política em que nos albergam, uns
para o mal outros para o bem – terrível dicotomia judaico-cristã esta!
Amplamente reconhecido, ao
receber nos Açores e servir o chá a Buch, Blair e Asnar, o Zé da Cova da
Piedade foi premiado com a presidência da CE, mas jamais se redimirá da barbaridade,
ainda perdurante, da agressão ultra desumana sobre população do Iraque. Dizimaram e prossegue, dia-a-dia, essa agressão assassina contra
cidadãos iraquianos indefesos, por parte de grupos radicais que a invasão despertou – o brasileiro Sérgio
Vieira de Mello da ONU foi apenas uma das milhares de vítimas.
Barroso,
se tivesse um mínimo de vergonha e a consciência de quem tem sido um presidente da CE funcionalizado
por quem o seleccionou e depois pela Alemanha, jamais teria teria a leviandade
– ou a maldade? – de criticar quem defenda uma alternativa para a ‘reestruturação da dívida portuguesa’.
Mesmo na semântica económica, em
que Barroso é comentador ignorante, disse em entrevista a Ricardo Costa – outro
sinuoso – que ninguém em Portugal deveria empregar o termo ‘reestruturação da
dívida’.
É uma manobra manipuladora – esta
sim ó Marques Guedes – porque
reestruturar divida, como o manifesto da 74 explícita, não implica
necessariamente cortar dívida (“haircut”). Simplesmente, o que está em causa, e
como é evidente no “prefácio de Cavaco”, trata-se da impossibilidade do País
dar cumprimento ao pagamento em 20 anos, com as performances que Sr. Presidente
de ‘finanças públicas” deixou claro: duas décadas de anos consecutivos nas seguintes
condições:
O Barroso, cuja
carreira política é uma dádiva de Cavaco – a compensação dos cinzentos – nem sequer
uma referência, curta que fosse, fez referência a estas condições e à óbvia incapacidade
de Portugal cumprir em função da conjugação de exigentes critérios para liquidar a
dívida em 20 anos – Ricardo Costa, o incisivo mas parcial jornalista, também
ajudou.
O preocupante é
que palavras ou demagogia de Barroso, mesmo quando atinge dois dos seus ex-ministros
devidamente preparados, Manuel Ferreira Leite e Bagão Félix, correspondem, no
imaginário, exactamente a histórias que eu inventava há anos para adormecer a
minha filha. A bronquiolite, adversa e permanente é duradoura, mas o melhor, diz
o Dr. Barroso, é deixarmos o bebé sob agravamento patológico e logo se verá se
a criança morre ou ficará prisioneira de doença crónica. Depois, ou haverá enterro ou crematório, ou andamos uma vida inteira submetidos aos Barrosos
que, esses sim, deveriam ser evaporados das nossas vidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário