Fui profissional de seguros. Os
anos sucedem-se e admito ignorar se, na actualidade, as seguradoras têm em carteira
algum tipo de seguro para cobrir, à posteriori, danos resultantes de governação
desastrosa, cujos resultados, em Portugal, estão à vista. Estou certo de que
não. As companhias de seguros cobrem riscos e não efeitos de sinistros
anteriores à apólice.
A existir seria uma solução, no
mínimo, abstrusa; ou seja, uma seguradora aceitaria dar cobertura de um
acidente, antes da formalização do contrato, em que o meu automóvel, sob minha
responsabilidade, ficaria com a frente totalmente desfeita ou, no ramo de
incêndio, emitir a apólice e pagar de seguida a indemnização de um fogo que
praticamente destruíra a minha habitação antes da formalização do seguro.
Todas estas observações me
ocorreram a propósito da afirmação, feita em reunião de sábios economistas, por
Vítor Gaspar, certamente o mais sábio de todos na descoberta do caminho para
ingressar nos quadros do FMI.
Da solidariedade, nem vale a pena
falar. Depois da CE e BCE, em sintonia com o FMI, ter subjugado o país sob
feroz austeridade, com a activíssima conivência de Gaspar, é de facto
demagógico acreditar que essa solidariedade europeia, inexistente durante 3
anos, irrompa milagrosamente e em força nesta fase, em que a dívida externa, o
desemprego e o abandono do país por centenas de milhares de portugueses são
factos de enorme dimensão.
No que concerne ao seguro,
pergunto: a que se refere Gaspar? Sim, qual é o objecto de seguro? É a situação
que a draconiana política das medidas aplicadas ao País seja reparada pelo
amparo da Alemanha, Áustria, Holanda, Finlândia e sob a batuta destes por
outros países da Zona Euro? – Não todos porque a alguns, Espanha, Grécia,
Itália e até Bélgica e França também faltam fundos para comparticipar no
pagamento do prémio de tal seguro.
Gaspar, se tivesse um pingo de
pudor, deveria estar calado. Foi o principal causador - e deixou uma sucessora
à altura do cometimento de atrocidades - da situação de enormes carências de
milhões de portugueses; sim, milhões!
Gaspar, além de ridículo e homem
destituído de sensibilidade social, é adepto activo de uma cultura esotérica do
mal. Já tinha sido com a justificação das intempéries e agora sugere seguro com
efeitos retroactivos na cobertura do estado desastroso em que o País se
encontra. Não é um risco, é uma situação real e corrente, porque o risco foi a
sua nomeação como MF.
O vídeo acima reproduzido
caracteriza as incongruências do homem. Vá para Washington quanto antes, porque
muitos portugueses ainda terão de sobreviver vários anos escravos.
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