sábado, 22 de março de 2014

Visto ‘gold’ a subsitutir pelo visto do cádmio

O ‘Público’ destaca em título:
Ainda ontem o Papa Francisco, em acto litúrgico específico, tinha apelado aos elementos da máfia para abandonarem o mundo do crime, no caso muito violento, e se converterem para evitar o inferno. Compreendo o apelo, mas sinto que não produzirá qualquer efeito.
O nosso governo, desesperado com as chagas sociais que pretende negar e as degradadas contas do país, recorre às soluções mais estapafúrdicas para atrair ingressos de dinheiro, o que, na maioria dos casos, equivale a cativar os sugadores institucionais, Goldman Sachs e outros investidores formais, ou qualquer cidadão individual, seja chinês, indiano, angolano, brasileiro ou russo que queira comprar ‘casas de luxo’ no Algarve, Cascais, Parque Expo ou em outros locais onde as houver – há imobiliárias que inclusivamente criaram departamentos para estes clientes de luxo.
Para o efeito, o governo, com destaque para Paulo Portas e Miguel Macedo que tutela o SEF, criou o visto ‘gold’. A decisão, como está à vista, é irresponsável. Facilita a entrada de criminosos, pela porta do ‘gold’ com uns balúrdios na compra de imobiliário. Descura-se o controlo sobre eventuais comportamentos ilícitos sem saber se são, por alegados casos criminais, procurados como marginais, do dinheiro fácil e abundante, sob a alçada da justiça dos países de proveniência ou de outros.
Miguel Macedo, o tal que só explica a parte dos resultados de inquéritos que quer por altura do magusto (caso da manifestação das forças de segurança), vem agora defender a tese de que em Outubro de 2013 o cadastro do chinês, agora sob mandado da Interpol, era limpo. Seria limpo o cadastro, mas de certeza que a sua vida já estaria com tal sujidade que nenhum produto de lavagem ou limpeza, ou mesmo um branqueador óptico de grande eficiência, conseguiria eliminar.
Não sei nem me interessa o que vai suceder ao chinês e ao dinheiro que cá investiu. O que me preocupa é que estas soluções tipo visto ‘gold’, atribuídas a gente ganhadora (?) de dinheiro fácil, constituem mais um sucesso do vale tudo do ‘Paulinho dos Emiratos’ que, agora, congelará por uns tempos. A conservação do poder assim o justifica. Daqui a um tempo o governo até lançará o visto de ‘cádmio’, com direito a assistência médica a patologias pulmonares, de fígados, rins e gastrointestinais causadas por este metal pesado. O governo criará uma PPP com o BES Saúde (Allo, Allo Dr. Salgado!), para prestar assistência numa unidade do grupo.
No fim desta história, ocorre-me o provérbio “Onde está o ladrão, está o roubo”… nem sei a que propósito! 

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