O ‘Público’ destaca em título:
Ainda ontem o Papa
Francisco, em acto litúrgico específico, tinha apelado aos elementos da
máfia para abandonarem o mundo do crime, no caso muito
violento, e se converterem para evitar o inferno. Compreendo o apelo, mas sinto que não produzirá qualquer efeito.
O nosso governo, desesperado com
as chagas sociais que pretende negar e as degradadas contas do país, recorre às
soluções mais estapafúrdicas para atrair ingressos de dinheiro, o que, na
maioria dos casos, equivale a cativar os sugadores institucionais, Goldman
Sachs e outros investidores formais, ou qualquer cidadão individual, seja
chinês, indiano, angolano, brasileiro ou russo que queira comprar ‘casas de
luxo’ no Algarve, Cascais, Parque Expo ou em outros locais onde as houver – há imobiliárias
que inclusivamente criaram departamentos para estes clientes de luxo.
Para o efeito, o governo, com
destaque para Paulo Portas e Miguel Macedo que tutela o SEF, criou o visto ‘gold’.
A decisão, como está à vista, é irresponsável. Facilita a entrada de criminosos,
pela porta do ‘gold’ com uns balúrdios na compra de imobiliário. Descura-se o
controlo sobre eventuais comportamentos ilícitos sem saber se são, por
alegados casos criminais, procurados como marginais, do dinheiro fácil e abundante,
sob a alçada da justiça dos países de proveniência ou de outros.
Miguel Macedo, o tal que só
explica a parte dos resultados de inquéritos que quer por altura do magusto
(caso da manifestação das forças de segurança), vem agora defender a tese de
que em Outubro de 2013 o cadastro do chinês, agora sob mandado da Interpol, era
limpo. Seria limpo o cadastro, mas de certeza que a sua vida já estaria com tal sujidade que nenhum produto de lavagem ou limpeza, ou mesmo um branqueador
óptico de grande eficiência, conseguiria eliminar.
Não sei nem me interessa o que
vai suceder ao chinês e ao dinheiro que cá investiu. O que me preocupa é que
estas soluções tipo visto ‘gold’, atribuídas a gente ganhadora (?) de dinheiro
fácil, constituem mais um sucesso do vale tudo do ‘Paulinho dos Emiratos’ que, agora,
congelará por uns tempos. A conservação do poder assim o justifica. Daqui a um tempo
o governo até lançará o visto de ‘cádmio’, com direito a assistência médica a
patologias pulmonares, de fígados, rins e gastrointestinais causadas por este
metal pesado. O governo criará uma PPP com o BES Saúde (Allo, Allo Dr. Salgado!),
para prestar assistência numa unidade do grupo.
No fim desta história, ocorre-me
o provérbio “Onde está o ladrão, está o roubo”… nem sei a que propósito!
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