O que sucedeu ontem no Palácio Foz, com uma tal Galvão no papel de actriz principal, é demasiado reles. Trata-se de abjecta ofensa à comunicação social, mas sobretudo ao povo português – a negação do legítimo direito à informação. Tanto mais que a Galvão fez do Coelho um intrujão, como se não o soubéssemos antes, desde já há longo, demasiado longo tempo.
Dos poucos presentes a prezar os valores democráticos, salvo os jornalistas, causa-me perplexidade que nem sequer um deles tenha virado as costas à Galvão e ao Moedas – em reprovação da censura, mas também em silêncio como mandam os cânones da convivência cívica.
Também tenho de atender ao facto de que, do Moedas ao Rosalino e do Guedes ao Sarmento, e mais um ou outro jumento, foram os sub-empreiteiros a realizar o evento, como secretários de Estado, essas submissas criaturas em permanente subserviência ao chefe – lugar que, coincidência das coincidências, a Galvão desemprenhou no XVI Governo Constitucional.
Estou, é óbvio, solidário com o Sindicato dos Jornalistas e igualmente defendo que a ERC deve ser firme no condenação do acto e, acima de tudo, preventiva da banalização da censura. Surpreende-me que as superestruturas dos órgãos de comunicação social, as direcções em especial, tenham permanecido em silêncio; pelo menos, por enquanto, é pública e notória a ausência de som.
À Galvão, advogada dedicada ao Urbanismo, e ao Moedas, engenheiro civil convertido em financeiro ex-Goldman Sachs, lembro a seguinte passagem de “A Terceira Vaga” de Samuel P. Huntington:
“As eleições abertas, livres e justas são a essência da democracia, a sua incontornável condição ‘sine qua non’. Os governos resultantes das eleições podem ser ineficientes, corruptos, míopes, irresponsáveis, dominados por interesses particulares e incapazes de adoptarem as políticas exigidas pelo bem público.”
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