O afã do governo em dissimular, através de duodécimos de metade de cada subsídio, o impacto do “enorme aumento de impostos” (Gaspar dixit), além de abstruso e obstinado, tem-se revestido de aspectos ridículos.
- A maioria dos que têm vínculo laboral é composto, na generalidade, por gente acéfala e dócil e nem se apercebem dos valores que lhe estamos a retirar – pensou a imaginosa equipa de comando das Finanças Públicas.
- O sector privado tem de colaborar e aceitar pagar os duodécimos, já que no Estado mandamos nós e funcionários públicos, activos ou aposentados, e pensionistas do privado têm de aceitar, que remédio! – concluíram os sábios financeiros.
Todavia, a pressa é inimiga do acerto. Daí descuidarem a criação de legislação para regulamentar os pagamentos dos duodécimos em doze vezes (duodécimo = a parte doze vezes menor em relação à unidade). Os grupos parlamentares da maioria estão a trabalhar a todo o vapor; mas, é elevada a probabilidade de, apenas em Fevereiro, se iniciar o recebimento de 1/12 de metade dos subsídios de férias e de Natal, no privado.
Se assim suceder, os duodécimos serão regularizados em undécimos quanto ao número de pagamentos – em Fevereiro, diz-se, será pago o duodécimo de Janeiro.
No cretina presunção de que os portugueses nunca perceberiam bem quanto lhes era retirado do rendimento mensal, os autores do desmando, como em qualquer crime, serão denunciados pelo valor do confisco mensal no 1.º mês do ano. Que chatice!, Dr. Gaspar.
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