quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Desemprego: causas internas e externas

O ‘Público’, em trabalho louvável de Pedro Crisóstomo, considera, e bem, que “o desemprego deixou de ser uma questão temporária”. Aborda casos de visados pela pandemia social de 483.900 desempregados há mais de uma ano.
Também são citadas opiniões da situação portuguesa de Pedro Araújo, sociólogo do Centro de Estudos Sociais/Universidade, e do economista Francisco Madelino, ex-presidente do IEFP.
Sem discordar de ambos, não ignoro que as causas da dita pandemia se fundamentam em razões de ordem interna (atrofiamento intensivo do tecido produtivo, ofertas académicas incongruentes e sem empregabilidade, entre o mais). Considero, todavia, da maior importância factores de ordem externa: em resumo, aqueles que são provocados por esse monstruoso e incontrolado fenómeno, chamado globalização.
Os capitais já não têm pátria. As multinacionais procuram optimizar a rentabilidade na relocalização de unidades de produção em países deficitários no domínio dos direitos humanos. É o caso da China, da Indonésia e da Índia, onde a “flexibilização” da mão-de-obra (“dumping social) está garantido pelos governos. Por outro lado, estão isentas da  submissão a regras ambientais geradoras de custos adversos a objectivos de competitividade.
A política social europeia, em que se integravam os princípios perenes do direito ao trabalho e da protecção dos trabalhadores, foi-se esvaindo até ao estado de morbilidade profunda. Sem barreiras à injusta concorrência exterior, a Europa vai estiolando. Hoje, no Sul, amanhã no Centro (França e Bégica vão dando passos no sentido da eclosão de crises).
Os partidos de orientação neoliberal, núcleo em que se integra o governo de Gaspar, Coelho e Portas, empenham-se na destruição do Estado Social. Para cúmulo, através de duras medidas de austeridade, na deliberada vontade da extinção contínua de milhares de postos de trabalho (as falhas macroeconómicas de Gaspar em múltiplas frentes, com o desemprego em destaque, e medidas do Álvaro como a da redução das indemnizações por despedimento são dois de muitíssimos exemplos que o funesto governo de Portugal nos oferece a cada instante).
Os desmandos do poder do governo português e a pró-actividade da Alemanha e outros na promoção de prolongadas crises na  UE, Zona Euro em especial, durarão até quando? – esta é a dramática dúvida de milhões de europeus em sofrimento.

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