O recurso aos embustes é um dos instrumentos tácticos predilectos de Pedro Passos Coelho. O hábito remonta à época eleitoral e prosseguiu durante a governação. O vídeo do ‘Aventar’, de autoria do meu amigo Ricardo Santos Pinto, demonstrou à exaustão a pobreza de carácter e falta de palavra do primeiro-ministro. Poupa-me adjectivações.
As imagens destoutro vídeo acima reproduzido, e retirado do ‘site’ da SIC, não é nem mais nem menos que outro capítulo da mesma história: ‘a política da mentira e da contradição’.
Horácio Novo, diz e eu acredito, tem um gato chamado Gaspar; bichano, porventura, dócil e simpático. Passos Coelho também tem o seu Gaspar, que não sendo gato, é bravo, falso e carcereiro de milhões de portugueses aprisionados à consolidação orçamental, ao défice e aos cortes no Estado Social.
Coelho e o Gaspar ministro, contrariando-se a eles próprios, afinal estão eufóricos com a concordância da Comissão Europeia em prorrogar o prazo de reembolso dos empréstimos a Portugal – mas, ao ler a notícia, não se percebe se tal prorrogação se aplicará apenas aos fundos do FEEF e MEEF (2/3 do total) e se igualmente foram renegociadas taxas de juro e, em caso afirmativo, para quanto – o empréstimo da ‘troika’ (FMI, CE e BCE) era, de início, de 78 mil milhões de euros, mas recentemente aumentou de 4,2 mil milhões cujo destino não foi esclarecido (será para pagar o prejuízo dos 4 mil de euros do BPN?).
Mais tempo para reembolsar o empréstimo poderá ser uma notícia boa; mas, eis que de uma assentada chega outra má: Portugal voltará, amanhã ou poucos dias depois, aos mercados para se endividar em mais 1,5 a 2 mil milhões de euros. O grupo da agiotagem já está formado (Barclays, Deutsche Bank, Morgan & Stanley e o BES – Ricardo Salgado é como o ‘Dum-Dum’: “não escapa um”).
A mais tempo para pagar os empréstimos, no tempo de fazer crescer a dívida, o actual governo já beneficia de tempo a mais a (des)governar um País de insolvências, de quebra da economia (PIB), de desemprego crescente, e de gente que parte à procura do futuro noutras paragens.
O tempo é um poliedro, de faces de múltiplas cores. O tempo de sofrimento de alguém ou de um povo é sempre negro e excessivo, em oposição ao escasso tempo de breves e coloridas alegrias – ‘Tristeza não tem fim, felicidade sim’ , diz a canção.
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