Cada ocasião em que ouço ou leio as homílias de celebração de datas socialmente relevantes, como de Natal e Ano Novo, seja quem for o alto dignitário da igreja que as profira, lembro-me da canção: “Paroles, Paroles” , sucesso da cantora Dalida (1933.1987).
Com efeito, na letra da canção dizia ela:
“Encore des mots, toujours des mots, les mêmes mots…” (Ainda palavras, sempre palavras, as mesmas palavras…)
O papa Bento XVI falou da “crise de ética ligada à área financeira do colapso dos países do velho continente”, assim como dos sacrifícios e sofrimentos com que os pobres são castigados.
D. José Policarpo, em Rio de Mouro, fez um apelo para que se tome em conta “…o que está a acontecer às famílias”. E enumerou: “Leis permissivas que não valorizam o aprofundamento dos seus valores constitutivos; leis fiscais que penalizam a família; a incapacidade de evitar que o drama do desemprego…”.
Provavelmente, por eventual concertação sobre a aplicação prática das comunicações doutrinais emanadas do Vaticano, as duas figuras, à semelhança de outros cardeais, arcebispos, bispos e párocos, alinharam e coincidiram na orientação dos discursos de Ano Novo.
Outra coincidência, porém, pode perceber-se nos responsáveis da ICAR. Não passam das palavras que, de tão repetidas e sem acções consequentes sobre os líderes da política mundial, continuarão a fustigar o mundo dos mais frágeis. Os poderosos nem sequer as levam a sério.
(O papa João Paulo II, polaco de nascimento, combateu – e bem até certo ponto – o poder do Império Soviético que dominava o seu país. Mas o combate estagnou aí. A luta pelo controle e desmantelamento de empórios como o Goldman Sachs, provavelmente associado ao IOR em operações de capitais de elevados montantes, não faz parte dos objectivos da ICAR, sempre iludente no discurso, vazia na acção).
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