sábado, 26 de janeiro de 2013

Falemos de feiticeiras e feitiços

Há dias, recebi uma carta de um amigo com o seguinte texto:

“Caro Carlos,
Tenho sabido pelo Almeida que contigo e família tudo está bem. Portanto, vou directo ao assunto que me levou a escrever-te.
No prédio ao lado do meu, tenho uma feiticeira, vidente ou simplesmente ‘bruxa’ para aqueles que, como eu, não acreditam em premonições de tais especialistas da adivinhação. Sei que, distintamente da mediática profetisa, não se chama Maia, nem lança cartas do ‘tarot’.
Em conivência com o porteiro da ‘bruxa’, baptizamo-la de Maria. Mais que não seja ficou com um ‘r’ de vantagem relação à vedeta televisiva, beneficiária das tecnologias de telecomunicação e que vale a este povo de crendices, do Minho ao Algarve.
A minha vizinha feiticeira, ao que diz o porteiro, não se perde. - De manhã à noite tem um corrupio de clientes. - Parte significativa - diz ele - são figuras conhecidas: actrizes e actores de telenovelas, treinadores e jogadores de futebol e até políticos. – E acrescenta - Outra gente, menos conhecida, é também clientela fina; tem aspecto de viver bem, se repararmos no vestuário e o ouro que usa, bem como nas viaturas de luxo que os trazem até aqui.-
Trata-se, tudo indica, de um negócio rentável, exercido no sossego do lar, sem caixa registadora e o ‘software’ exigido pelas finanças, nem, portanto, a obrigação de passar factura e entregar o IVA trimestral.
Há muito que ando a hesitar em consultar a minha vizinha ‘bruxa’. O motivo é simples e não se relaciona com expectativas de sucesso. Já estou naquela fase em que essas expectativas de progresso pessoal e social se perderam no tempo. E então desde que, como a milhares ou mesmo milhões de portugueses, se cruzou no caminho o rapa-tudo Gaspar, manter quanto tinha, e constituiria pura e simplesmente o merecido por décadas de trabalho, é de há muito o meu único desejo.
Portanto, da falta de expectativas, fui forçado a recuperá-las, na perspectiva de funcionarem em sentido inverso: não regredir.
Eu, que tanto critiquei e desacreditei a vizinha feiticeira, ando a pensar que um dia destes tenho mesmo de ir consultar essa ‘bruxa’. O que pensas?
Aguardo resposta e recebe um abraço,
Américo”

A minha resposta:
Américo, se o Gaspar e a Maria Luís Albuquerque já experimentaram várias videntes para projectar contas e erraram sistematicamente, não vás por aí. Repara que são compelidos  a recorrer a engenharias financeiras e à ajuda do amigo Schäuble. Com sinceridade te afirmo: desiste da ideia, guarda o dinheiro, porque as medidas dos 4 mil milhões da sociedade FMI, Gaspar, Coelho, Portas & Cia., vão obrigar-te a menos reembolsos e mais desembolsos. No fim, ainda tens de pedir uma ajudinha ao teu tio algarvio. Até nem é de Boliqueime, porque daí já houve quem tenha dado sinais de escassez do dinheiro com que vive.
















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