O sinal de que os mais jovens não desfrutam de oportunidades de vida no País de origem, e do qual alguns deles estão afastar-se não apenas física mas também emocionalmente, é a expansão, ano a ano, do número de emigrantes.
É noticiado pelo ‘Público’ que, em 2011, a emigração registou o brutal aumento de 85% – no total, cerca de 44.000 portugueses, a maioria com idades entre os 25 e 29 anos. Ainda segundo o mesmo jornal, a Secretaria de Estado das Comunidades admite que, em 2012, os novos emigrantes tenham chegado perto dos 100.000.
Trata-se de um fenómeno que, a curto prazo, permite benefícios: redução do desemprego e aumento de fundos das remessas. Todavia, em visão mais profunda e estratégica, os danos a prazo serão muito pesados. Dificultam um eventual desenvolvimento económico que, reconheça-se, não se antevê fácil com a cega política do actual governo.
O primeiro-ministro, Passos Coelho, a propósito de emigração, afirmou em Paris:
“Ninguém aconselhou os portugueses a emigrarem”
Deve ter pensado em falar apenas para portugueses da ‘Banlieue de Paris’, gente ocupada pelo trabalho, em muitos casos duro, sem tempo para ouvir topetes.
Coelho, embusteiro compulsivo, pensa termos esquecido Alexandre Mestre, o tal Secretário de Estado da Juventude e da “zona de conforto”, a aconselhar os jovens a emigrar; secundado pelo aberrante Relvas. A tragicomédia foi encerrada pelo próprio Coelho, ao proferir, no CCB, a célebre frase:
Coelho lança um desafio aos irmãos Cohen, realizadores do filme ‘Este País não é para Velhos’. O truque do PM consiste em eliminar o advérbio de negação, não, e provar o inverso com a história ‘Este País é para Velhos’.
A retirada de uma simples palavra, não, transfigura todo o sentido do argumento e estamos mesmo a caminho de ser um povo minúsculo de aposentados, reformados e pensionistas, em estado de morbilidade ultra-vegetativa. Se possível, seria ideal que toda esta gente finasse – “O Estado teria enormes aumentos de poupança nas prestações sociais”, diz o Gaspar.
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